Mulheres Peixas
Fui peixa quando inventei de vir ao mundo, nadando no oceano profundo que me abrigava. Fui peixa quando inventei ser artista, nadando contra a maré. Fui peixa quando aprendi o amor, mergulhando em mim e no outro. Fui peixa quando entendi a vida… essa eterna falta de ar diante do normal. Fui peixa sendo gente, comportamento típico dos inocentes. Sou peixa mesmo não sendo, não sabendo, não entendendo. Às vezes nem o mar é suficiente. Peixa não se pesca e nem é sereia. Mulheres-peixas andam em bando e, ao mesmo tempo, sozinhas. Vivem discutindo qual será o próximo transbordamento. Aceitam bem as transformações, vivem o momento. Se perguntam sempre: onde deixei aquele pedaço de gente que fui? Criam respostas impossíveis para perguntas sem pé nem nadadeiras. Sou peixa porque em algum outro lugar sou gente.