Maria
Maria, 2020, é uma obra rica em significado e carrega um forte apelo emocional e visual para a artista. Nela, Savani busca destacar a sensibilidade poética da colagem digital como uma homenagem à ancestralidade. Ao se apropriar da metáfora dos “olhos d’água” de forma potente, a artista procura evocar a resiliência e a sabedoria das mais velhas. A referência a um “espectro de divindade” reforça a reverência que temos pelas matriarcas que moldam nossa história. Além disso, a peça também sugere que a força das gerações passadas está intimamente conectada com elementos naturais, como as águas que sustentam e transformam.
Eu nunca vi minha vó chorar
Deve ser porque a caixa d’água secou
ou porque as tempestades de agora
já não balançam o barco como um dia balançou
Dos raios ela já se apoderou
agora acumula energia e muita força
para caminhar por onde for…
Eu nunca vi minha vó chorar
mas tenho certeza que ela já teve olhos d’água
Acho impossível não ter
Já navegou em águas tão turbulentas
Já marejou por aí, disfarçada a sorrir, tenho certeza
Mas hoje segue tranquila sendo maruja
Apenas de sua própria história
– Poema para Maria